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Isabel Sobral
O ritmo de criação de novos empregos com carteira assinada perdeu força em junho em comparação a maio. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, no mês passado, foram contratados em todo o País 119,5 mil mais empregados do que demitidos. O saldo foi 9,1% menor que o resultado líquido de maio (131,5 mil novas vagas) e 61,3% inferior ao de junho de 2008. Além disso, foi o pior resultado do emprego formal para meses de junho desde 2001.
O resultado frustrou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que vinha apregoando que os dados de junho seriam melhores que os de maio e confirmaria uma retomada mais consistente do mercado de trabalho, após o momento mais grave da crise mundial, no fim do ano passado.
O número divulgado ontem ficou também abaixo do que foi antecipado na terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento político realizado em Maceió (AL). Na ocasião, Lula disse que 136 mil novos empregos com carteira assinada haviam sido criados no mês passado.
Tradicionalmente, porém, junho é mais fraco do que maio nas contratações de mão de obra. "Esperávamos que neste mês houvesse uma melhor recuperação da indústria de transformação em São Paulo e, particularmente, da indústria alimentícia", disse Lupi. Isso, porém, acabou não ocorrendo.
A indústria teve em junho o terceiro mês seguido de saldo líquido positivo de empregos, mas o resultado ainda foi muito pequeno, de apenas 2 mil vagas. No primeiro semestre, a indústria está com saldo negativo de 144,5 mil postos de trabalho. O destaque de junho foi a agropecuária, com a criação de 57,1 mil vagas, por causa da colheita da safra agrícola.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, o Caged registrou saldo positivo de 299,5 mil postos de trabalho formais. O resultado é 78% inferior ao do primeiro semestre do ano passado, quando foram abertas 1,36 milhão de vagas com carteira assinada. Ainda assim, Lupi disse que mantém o otimismo, apostando que o ano fechará com saldo líquido de ao menos um milhão de novos empregos formais. Para isso, entretanto, o segundo semestre do ano terá de gerar ao menos 700 mil novas ocupações.
A aposta de Lupi é de que o setor industrial voltará a ser o carro-chefe dos empregos formais porque já não trabalha com os altos estoques de produtos verificados no início do ano. "A indústria deve voltar a aumentar a produção e os consumidores, ajudados pela redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), vão consumir mais", comentou.
Lupi informou, ainda, que um estudo técnico, a partir de dados do Caged, mostra que houve aumento real de 0,57% no salário médio de admissão de empregados no primeiro semestre ante a igual período de 2008. O valor passou de R$ 741,57 para R$ 745,80.
"Isso aumenta o poder de compra dos trabalhadores", afirmou. O crescimento de renda está bastante associado aos aumentos reais concedidos pelo governo ao salário mínimo nos últimos anos.
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