Período: Março/2025 | ||||||
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Desenvolvido pelo BTG para ajudar a enxergar a Paridade do Poder de Compra (PPP, na sigla em inglês) no segmento do varejo de vestuário, o Zara Index compara uma cesta de 12 itens em 54 países – tendo os Estados Unidos como referência. Nesse ranking, o Brasil é o décimo mais caro.
Os preços daqui estão em média 135% acima da mesma cesta comprada pelos americanos. Em 2014, quando o primeiro Zara Index foi lançado, os preços brasileiros estavam 49% acima.
Encabeçam a lista deste ano Turquia (+248%), Vietnã (+246%) e Índia (+237%). A Paridade do Poder de Compra ajuda a medir o quanto uma moeda pode adquirir de bens e serviços comparada a outra moeda, permitindo relacionar o efetivo poder aquisitivo das pessoas em diferentes mercados.
O relatório do Zara Index do BTG é assinado por Luiz Guanais, Daniel Disselli e Pedro Lima. “Desde a publicação do primeiro índice, em 2014, temos sinalizado repetidamente que o Brasil é um dos países mais caros para comprar vestuário e um mercado difícil para players estrangeiros”, afirmaram. “Há vários motivos, que vão desde um câmbio volátil a um sistema logístico e tributário complexo (apesar das melhorias nos últimos anos).”
No ano passado, os preços brasileiros estavam 85% acima, em PPP. Ou seja, houve um salto de 50 pontos porcentuais em apenas um ano.
Sem o ajuste para o poder de compra, um carrinho da varejista espanhola (considerando um blazer, uma jaqueta jeans, uma minissaia, um vestido, uma camiseta, uma camisa social, uma sapatilha de couro, um sapato social, uma calça jeans, um suéter, um macacão e uma jaqueta) custaria, devido à desvalorização do real ao longo do ano passado, 7% a menos no Brasil. No Zara Index 2024 custava 3% a mais. “Isso indica que até mesmo a Zara teve de ajustar seus preços em resposta ao mercado de vestuário cada vez mais competitivo no país”, afirmaram os autores do relatório.
SHEIN
No mesmo relatório, o BTG cita outro documento, em que trata da chamada Taxa das Blusinhas, oficialmente o Remessa Conforme, que impactou principalmente a Shein ao impor um imposto para compras acima de US$ 50. “Impulsionou as receitas do governo, mas prejudicou as atividades da plataforma”, afirmaram os autores.
Eles dizem que apesar de a Shein ter preços competitivos, uma cesta de oito peças (pesquisada em 15 países) mostra que os produtos são 15% mais caros aqui do que nos EUA – 189% a mais quando ajustado para PPP.
“O Brasil é um dos mercados globais mais caros para a Shein.” Em relação à mesma cesta de oito produtos de varejistas locais, a chinesa é 9% mais barata que a Renner, 3% mais barata que a Riachuelo e 2% mais barata que a C&A. “Comparando os resultados com nossa pesquisa em 2024, a diferença de preço entre a Shein e outros players locais diminuiu.”
O BTG ressalta que tributar plataformas transfronteiriças não é exclusividade brasileira. No final de 2024, o México anunciou aumentos de 15% para têxteis e até 35% para produtos prontos de vestuário.
“Dias depois, a autoridade tributária mexicana introduziu novas tarifas, de 19%”, visando desta vez produtos que entram no México por meio de serviços de entrega de países sem acordos comerciais, como a China. Isso fora os reflexos que ainda devem aparecer pela guerra das tarifas iniciadas pelo governo de Donald Trump.
No caso brasileiro, os autores que assinam o relatório dizem que os movimentos recentes da Shein para expandir o fornecimento local devem diversificar sua produção, melhorar os níveis de serviço e alavancar o alto engajamento em sua plataforma (com maior duração de visita e páginas visitadas do que os concorrentes).
Por outro lado, o aumento da tributação deve levar a Shein a competir em condições mais próximas de produtores e varejistas locais, “o que pode levar a preços mais altos”. Soma-se a isso desafios semelhantes na escala da capacidade de produção local. Embora, segundo os autores, “sua velocidade de comercialização e sua poderosa abordagem de vendas sociais continuem sendo uma grande força em um mercado altamente competitivo”.
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Atualizado em: 06/03/2025 13:04 |