Período: Dezembro/2024 | ||||||
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Durante um bom tempo eu fui representante de vendas de uma grande companhia, mas na prática eu era vendedor mesmo, com um título mais simpático, carteira assinada e tudo o que tinha direito em termos de benefícios.
Segundo as diretrizes da empresa, o título mais sofisticado era para enobrecer o cargo e gerar mais respeito perante os clientes como se a profissão de vendedor não fosse nobre o bastante para merecer o respeito que o mundo dos negócios atribui a ela.
Eu mantinha uma rotina mensal de visitas com uma meta arrojada de vendas a cumprir, burocracia até a raiz dos cabelos e aquele ar superior de quem conseguiu um bom emprego numa grande corporação capaz de prover todas as soluções para uma vida melhor, livre das dificuldades, mas toda profissão tem os seus inconfundíveis percalços.
Um dos meus clientes era uma pessoa extremamente pessimista e eu ficava remoendo diariamente se deveria visitá-lo e quanto tempo deveria gastar com ele para me livrar o mais rápido possível de ser contaminado pela suas dores e reclamações.
O fato é que eu não tinha como escapar do sujeito assim tão fácil e vez por outra eu deveria enfrentar a realidade, porém todas as circunstâncias geram aprendizado de alguma forma, desde que se saiba obter a leitura correta e extrair algo proveitoso da situação.
Numa dessas visitas, eu sabia de antemão que o filho dele havia passado no vestibular em e imaginei encontrá-lo radiante, talvez também tivesse raspado a cabeça para prestigiar o menino ou ainda tivesse mandado matar para o banquete um daqueles carneiros que rondavam o estabelecimento e ficavam o tempo todo comendo a grama somente para ele não ter que desembolsar uns míseros trocados para o jardineiro.
E lá estava eu, senhor de si, tentando parecer animado, cheio de amor e otimismo: - E então, seu Paulo, há quanto tempo, como tem passado? Como todo bom cliente, ele não deixava por menos e o sermão estava na ponta da língua: - Quanto tempo, digo eu! Esqueceram que eu existo? Pensei que a empresa havia falido. Não me venha com conversa, você sabe que eu ando muito mal das pernas, sem dinheiro, quase quebrado.
Fiel escudeiro de uma grande corporação, rapaz bem treinado, eu insisti no assunto: - Que nada, seu Paulo, anime-se! O tempo melhorou, as vendas estão reagindo, a chuva deu uma trégua, a colheita agora sai, é questão de dias!
Porém, o homem não deu o braço a torcer: - Isso é fogo de palha, não vai dar em nada, daqui a pouco chove, vai por mim, minha coluna está doendo um bocado e quando isso ocorre, pode escrever, é chuva na certa.
Eu continuei na minha, impassível, com aquela vontade incontrolável de mandá-lo para algum lugar bem longe dali, mas aguentei firme, pensei no meu emprego, na minha adorável esposa, nos meus lindos filhos e, na mesma linha, perguntei serenamente: - E o filho, seu Paulo, está contente? Soube que ele passou no vestibular, meus parabéns!
- Que parabéns, que nada! Isso é pura vadiagem. Veja só o que ele me arranjou, mais quatro anos de despesas e dor de cabeça. Isso se o bicho conseguir sair em quatro anos.
Juro por tudo o que mais sagrado que daquele momento em diante eu iniciei uma contagem regressiva e não via a hora de dizer adeus. Depois de sair, fiquei imaginando o tempo todo, enquanto fazia o caminho de casa, o que leva uma pessoa a optar pelo sofrimento.
A última notícia que eu tive dele é que estava acamado e deprimido. O negócio havia falido há muito tempo. Infelizmente, nem o tempo foi capaz de ensinar a ele a importância de se manter o otimismo e de uma atitude mental positiva na vida das pessoas. Como dizia Napoleon Hill, autor de A Lei do Triunfo, “a mão dura do destino tocou-lhe os ombros”.
Existem pessoas que não conseguem dar um passo sem associar desgraça ao mais simples acontecimento. São aquelas que passam pela vida, mas não vivem a vida na sua plenitude. Algumas se mordem de raiva ao menor sinal de sucesso alheio e outras se deliciam diante da tristeza dos outros. Ambas conseguem bater nas suas costas e sorrir com aquela cara de compaixão disfarçada de hipocrisia.
Provavelmente, essa história está ligeiramente associada a uma série de acontecimentos, sentimentos, mágoas e rejeições carregadas desde a mais tenra infância. fruto dos modelos mentais negativos mais arraigados. Um caso como esse é algo tão pessoal e delicado que somente o próprio ser humano, por sua livre e espontânea vontade, pode mudar.
Conviver com pessoas negativas ou pessimistas é um exercício de paciência e ao mesmo tempo de solidariedade. O cuidado que se deve ter é o de não se deixar contaminar pelos problemas e aborrecimentos alheios.
Olhe ao seu redor e avalie rapidamente o número de pessoas que vivem relativamente bem, tem carro à disposição, um excelente emprego, uma boa casa, boa saúde, uma bela família e ainda assim insistem no discurso da falta de sorte na vida como se a sorte existisse sem o trabalho e a fé. Algumas não conseguem manter cinco minutos de conversa sem deixar de se lamentar. – Como vai o amigo? Vamos levando... Já escutou algo assim?
Em casa, lembrei-me da antiga parábola dos cachorros, contada por um velho índio e aqui remodelada a com a melhor das intenções. Dentro de cada um de nós existem dois cachorros que discutem o tempo todo e exercem importante papel em nossa vida: um deles se chama raiva e o outro, compaixão. Intrigado, alguém se aproximou do índio e perguntou: - amigo índio, qual dos dois é o mais forte e capaz de ganhar a briga? É simples: aquele que eu alimento.
Do episódio em questão eu quero compartilhar algumas lições com o amigo leitor:
1) Tudo na vida é aprendizado e as pessoas que cruzam o nosso caminho, não importa o estado de espírito, sempre tem algo a nos ensinar. No caso dos pessimistas, basta fazer exatamente o contrário;
2) Os pessimistas morrerão falando mal de tudo e de todos, portanto, não perca energia discutindo com eles.; afaste-se deles, demita-os da sua vida, se necessário, e jamais permita que o negativismo alheio afete o seu modo de pensar e agir;
3) Dificilmente haverá espaço no mundo para pessoas que lamentam o tempo todo em vez de contribuir para torná-lo mais humano, mais alegre e menos violento; se o mundo é difícil, ficará ainda mais difícil com pessimismo;
4) Pior do que ser pessimista é ser um otimista irresponsável imaginando que tudo se resolve com base no otimismo. Sem trabalho, sem fé e sem atitude, não há otimismo que resolva. A atitude muda tudo!
5) Quanto mais você reforça o seu discurso negativo, mais o pessimismo vai tomando conta da sua vida. Pode parecer piegas, mas palavras como sorte, amor, dinheiro, paz, esperança, felicidade, alegria e sucesso são verdadeiros antídotos contra o pessimismo que assola o mundo.
6) Torça pelos seus amigos, conhecidos ou desconhecidos, e reze pelos inimigos; desejar-lhes o bem é uma ótima chance mudar o estado de espírito e de afastar definitivamente o pessimismo da sua vida.
7) Como diria o inesquecível Mahatma Gandhi, seja você a mudança que deseja ver no mundo, portanto, mude o seu discurso, torne-se mais vivo, mais alegre, mais humano e sua vida mudará radicalmente.
Por fim, respire o otimismo em todas as suas realizações. Nenhuma situação de desconforto é duradoura e todas as adversidades são válidas para o crescimento pessoal e profissional. Como diz o ditado: para o otimista, é difícil, mas é possível; o pessimista possui o dom de inverter o raciocínio: é possível, mas é difícil.
Pense nisso e seja feliz!
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