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A criação de vagas de emprego com carteira assinada -que vinha crescendo menos a cada mês desde meados de 2011- recobrou fôlego em julho e surpreendeu analistas.
Segundo cálculos da consultoria LCA, a combalida indústria gerou o triplo de empregos no mês -15 mil postos de trabalho, descontados os efeitos sazonais- do que a média mensal dos últimos cinco meses (5.000).
"Se a indústria passou a contratar mais, é sinal de que planeja aumentar a produção", afirma o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges.
No primeiro semestre, indústria e atividade mostravam um quadro desalentador, que, com dados recentes, parece em mudança.
A única fronteira que seguia em expansão, as vendas do varejo, havia dado sinais de exaustão em maio, com queda em relação a abril.
Mas, ontem, os dados divulgados pelo IBGE mostraram recuperação de 1,5% em relação a maio. Houve alta no comércio de eletrodomésticos e nas vendas em supermercados e hipermercados. Automóveis, com IPI reduzido, também tiveram alta.
"Nossos modelos sugerem que, em julho, a indústria teve um comportamento mediano, saindo da contração, e o varejo seguiu forte", afirma o analista Marco Freire, da gestora de investimentos Franklin Templeton.
ALÉM DOS VEÍCULOS
O resultado, principalmente do emprego, indica ainda que a recuperação não está concentrada no setor automotivo, como supunham analistas até o mês passado.
A construção civil e o comércio também contrataram mais trabalhadores com carteira do que a média dos últimos meses, segundo os dados do Ministério do Trabalho divulgados ontem.
Em julho, a indústria de veículos informou que a produção crescera 8,8% ante junho. Embora num ritmo abaixo do verificado em 2011 (-3,6%), o setor respondeu às vendas mais aceleradas e os estoques recuaram do pico de 43 dias em abril para 27 em julho.
"A recuperação do mercado de crédito foi crucial para que a redução do IPI fizesse efeito", afirma Borges.
Hoje, o Banco Central divulga a prévia do PIB do segundo trimestre. O resultado, segundo previsões, deve mostrar que entre abril e junho a economia seguiu fraca, com expansão de cerca de 0,5% ante o primeiro trimestre.
Ainda assim, diz Borges, o PIB de junho deve mostrar expansão forte. "A virada começou em junho", afirma.
Apesar dos dados positivos, a projeção para o resultado do ano não muda e deve marcar um crescimento entre 1,5% e 2%, devido à fraqueza do primeiro semestre.
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