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A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) — que na semana passada cortou em 1 ponto percentual a Taxa Selic, para 10,25% ao ano — indica que o Banco Central (BC) continuará a reduzir os juros, ao menos no próximo encontro, em junho. Para o colegiado, apesar dos sinais de recuperação das economias brasileira e global, o ritmo da atividade ainda é fraco, aqui e lá fora. Consequentemente, não há pressões inflacionárias. Porém, o BC advertiu no documento, de forma velada, que resolver a questão da remuneração da poupança é elemento-chave para a continuidade da queda dos juros.
O texto, divulgado ontem pela autoridade monetária, reforça que "a continuidade do processo de flexibilização monetária torna premente a atualização de aspectos, resultantes do longo período de inflação elevada, que subsistem no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional". A frase é bastante similar ao alerta que o presidente do BC, Henrique Meirelles, fizera na véspera, em videoconferência com empresários gaúchos.
Com os cortes na taxa básica, a caderneta de poupança tem se tornado mais rentável do que as aplicações em outros fundos de investimento, preocupando o governo.
" O Copom usou o termo 'premente' para explicitar o interesse, a necessidade e a urgência de uma solução para a poupança que viabilize os novos cortes. É claro que o Comitê não ficará limitado por isso, mas ele sempre evita tomar decisões que causem distorções na economia", analisou o estrategista-sênior do banco WestLB, Roberto Padovani, que aposta em nova queda de 1 ponto na próxima reunião.
Na avaliação macroeconômica, que já leva em consideração a redução da meta de superávit primário (a economia do governo para pagar os juros da dívida) de 3,8% para 2,5%, a ata considera que houve leve redução, "ainda incipiente e sujeita a reversão", da aversão dos agentes financeiros ao risco, com retorno do movimento nas bolsas, com impacto nos preços de ações e "commodities". Além disso, o aumento do fluxo de capitais tem causado a alta da cotação das moedas emergentes – o real entre elas – em relação ao dólar.
O Copom, no entanto, ressalta que a evolução dos preços em diversas economias aponta para uma signficativa redução das pressões inflacionárias. Nos cálculos do Comitê, mesmo com a pequena melhora na produção industrial nos últimos meses, a "margem de ociosidade dos fatores de produção não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica". Neste ambiente, o setor produtivo conseguiria ampliar a oferta de bens na medida em que haja recuperação da demanda, sem pressionar a inflação.
Segundo o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles, o BC deixou claro que continuará a afrouxar a política monetária no parágrafo 23 da ata. "O cenário é tranquilo neste sentido, com todas as projeções de inflação ao final do ano apontando para patamares abaixo da meta de 4,5% pelo IPCA."
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