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Argumentos vêm e vão enquanto as narrativas permitem que cada um escolha se os acontecimentos são justos ou não. Seja como for, de prático, o que é certo mesmo todos sabem. Sempre que tem greve nos transportes públicos o resultado, mais cedo ou mais tarde, é o aumento no preço das tarifas. De quanto? Ninguém sabe por enquanto, mas que virá, virá.
Praticamente todos os anos, principalmente em períodos pré-eleitorais essa discussão vem à tona, mas particularmente nos últimos anos dois novos temas também têm ganhado espaço. Um deles já muito abordado é a ascensão e queda (pós pandemia) do home office, com a preferência mais acentuada nos últimos meses pelo trabalho híbrido.
O outro, embora já discutido há muito tempo, começa agora a ganhar força para sair do papel e tomar as ruas. Trata-se da Tarifa Zero nos transportes. Cidades importantes como São Caetano do Sul, no ABC Paulista, já estão testando o modelo há alguns meses com aparente sucesso, enquanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, tem afirmado que pretende testar a iniciativa nos ônibus municipais inicialmente aos domingos ou durante a semana, mas no período noturno. Para isso, a proposta de Orçamento da cidade para o ano que vem já reserva R$ 5,1 bilhões com o objetivo de subsidiar as passagens dos paulistas.
Toda essa movimentação deve acelerar ainda mais a tendência de flexibilização na forma de conceder o Vale Transporte porque este ambiente de incertezas tornará cada vez mais difícil para as empresas preverem o valor do investimento em Vale Transporte para seus colaboradores nos próximos meses e mais complicado ainda será calcular o tamanho do desperdício de recursos com a adoção dos modelos tradicionais deste tipo de benefício.
Como saber a quantidade mais próxima da realidade de uso sendo que não se sabe nem ao certo quantos trabalhadores vão precisar se locomover de suas casas até os ambientes das companhias ou o volume de pessoas que vai precisar se alimentar fora de casa a partir do próximo mês? Sem saber quanto será o preço da passagem no próximo mês, as empresas correm o risco de errar tanto para menos quanto para mais. Se comprarem uma quantidade maior do que a necessária elas arcam com o prejuízo, mas se comprarem uma quantidade inferior elas deixam de oferecer as melhores condições para seus colaboradores.
Os gestores deste benefício estão percebendo que o vale transporte, assim como o combustível ou a refeição, da forma como eram oferecidos anteriormente, talvez não façam mais sentido. Dessa forma, as alternativas mais modernas levam vantagem porque permitem que a empresa adote apenas um instrumento flexível, no qual o valor do benefício mensal é creditado e o funcionário direcione a utilização como achar mais adequado. Assim sendo, com ou sem greve, com ou sem tarifa zero, com ou sem home office e trabalho híbrido, a verdade é que a autonomia do usuário será a tendência para os benefícios do futuro do trabalho.
*Anderson Belem é CEO da Otimiza
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