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Estamos no final do segundo mês do ano de 2016 e finalmente estão definidos os recursos totais que a Indústria da Construção Civil, segmento residencial, pode contar para sair da terrível crise e do início de novo ciclo vicioso a que foi inserida em decorrência da crise político-econômica dos últimos dois anos.
O volume de crédito imobiliário atingiu o pico de 9,7% do PIB em final de 2013, promovendo o encerramento do maior ciclo virtuoso da Indústria da Construção Civil. Foram quase R$135 bilhões aplicados pela Caixa Econômica Federal, que detém 70% do mercado, no Sistema Financeiro da Habitação (Recursos FGTS e Poupança). No final de 2015 o volume aplicado atingiu apenas R$ 91 bilhões, queda de mais de 32%, segundo dados do banco estatal. Esta queda acentuada foi motivada pela dificuldade com o déficit de saldo de depósitos de poupança, de mais de R$53 bilhões em 2015.
O Conselho curador do FGTS anunciou ontem suplementação de recursos de R$21 bilhões, elevando o volume total para aplicações deste funding em R$104 Bilhões. A novidade é que numa operação importante para reforçar o caixa utilizando de funding alternativos o FGTS investirá R$10 bilhões em CRI – Certificados de Recebíveis Imobiliários (taxa de 7,5% ao ano). Estes recursos serão aplicados pelos bancos com a venda dos títulos. Mais um reforço, portanto, para fazer frente à queda do volume aplicado da poupança.
Estamos falando de aproximadamente R$145 bilhões de recursos disponíveis para o crédito imobiliário em 2016, sem considerar as faixas 1 e 1,5 (recém-criada e ainda não regulamentada) do Programa Minha Casa Minha Vida na fase 3.
O sistema financeiro todo então terá disponibilidade suficiente para alavancar o volume contratado em 2015 (R$91 bi) e distribuir boas metas às instituições financeiras que operam no SFH.
Para que isto aconteça bastará somente melhorar o nível de confiança entre todos os outros atores da Indústria. Necessitará o empreendedor restabelecer o nível de confiança para colocar em prática seus projetos e apresentá-los aos bancos.
Caberá principalmente ao cliente final, o comprador do imóvel, restabelecer também sua confiança frente à terrível crise que assola o país e que diminui sua condição de endividamento de longo prazo considerando sua incerteza do emprego e de renda.
Para as empresas o processo de maturação é longo até disponibilizar os produtos imobiliários aos compradores e torna-se um alento saber que pelo menos recursos para o financiamento a produção dos imóveis e o financiamento aos clientes finais não vai faltar dos produtos.
A confiança para todos será restabelecida quando as regras forem claras e duradouras e quando as pessoas e as instituições inspirarem credibilidade em suas ações e estratégias.
Diretor da Habita’z, Marcos Fontes é professor de Economia da IBE-FGV especialista nas áreas de Finanças e Imóveis com ênfase em crédito imobiliário e construção civil.
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