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O advento do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é mesmo surpreendente. Esta importante ferramenta gradualmente vem transformando não apenas as relações entre os contribuintes e o fisco, mas a própria maneira de se administrar uma empresa. Os exemplos são muitos, entretanto alguns são emblemáticos, como o caso dos escritórios contábeis.
A cada mudança promovida no cenário tributário e fiscal brasileiro, o mercado formado pelas contabilidades absorve uma parte do impacto gerado. O surgimento de diversas novidades previstas para 2013, como o SPED para empresas de lucro presumido, a partir de janeiro, ou o início do SPED Social, em junho, certamente sinalizam grandes oportunidades.
Os últimos dois anos têm sido de muito aprendizado para o mercado contábil, que frente a todas as exigências de readequação, tem trabalhado em ritmo alucinante. Agora, passado esse período mais conturbado, chegou o momento de promover um balanço geral, parar e analisar o que já foi feito e o que ainda precisa ser realizado.
Quais oportunidades podem ser geradas? Onde é necessário rever e analisar as decisões? Como reduzir custos, readequar processos e projetar o futuro? São muitas perguntas, mas certamente todas devem ter respostas satisfatórias.
Ao conversar com os empresários e gestores de empresas contábeis, algo surpreendente sempre aparece. Desta vez, foi possível constatar que é muito pequeno o numero de escritórios que tem um planejamento estratégico estruturado e formalizado. Antes da chegada do SPED poderíamos até achar aceitável esta realidade, mas as responsabilidades frente aos negócios de seus clientes têm mostrado que só se sustentarão os escritórios melhores estruturados, sabedores do caminho que desejam seguir e aonde devem chegar para obter sucesso.
Mesmo assim, muitos empresários contábeis ainda se perguntam por que implementar o um planejamento estratégico no escritório. Ao analisar esta questão vale fazer uma pequena reflexão. Mas para fazê-la é necessário, antes de tudo, que o gestor responda a algumas perguntas fundamentais:
Como será meu escritório daqui a um ano? Quem eu quero como cliente? Que faturamento posso ter? Quantos funcionários terei? Qual o perfil dos clientes e dos funcionários que quero em minha empresa? Como será o escritório do futuro daqui a 5 anos? Com a evolução do SPED, imagine como será o mercado e os seus serviços, os softwares, os honorários, o trabalho, a concorrência. Afinal, como você imagina o mercado amanhã?
Os planejamentos estratégicos são importantes porque promovem o amadurecimento constante da empresa, do time de colaboradores, ampliam a visão dos negócios. É o momento em que se renovam as oportunidades e se tomam as decisões mais ou menos impopulares.
O tema estratégia, quando devidamente compreendido pelo dono do escritório, costuma se tornar uma paixão sem limites. Primeiro, porque a sua concepção força o profissional a se questionar constantemente sobre qual é o seu verdadeiro papel na empresa.
O olhar estratégico faz com que um gestor passe a gerenciar melhor os problemas do dia a dia, porque o seu foco muda: passa da fase de “discutir os problemas” para o de questionamento sobre “como transformar os problemas que surgiram em oportunidades para a empresa”, com o objetivo de tomar as decisões mais consistentes.
Outro fator relevante é aquele em que o gestor se obriga a definir claramente o motivo para o escritório existir; em que pontos ele não pode se descuidar para manter o sucesso; em qual direção a organização deseja seguir, entre outros aspectos. Sem estas definições é o mesmo que estar num barco à deriva em alto mar, você vai para não se sabe onde.
Além da importância de comunicar com clareza todas as informações para os funcionários, o planejamento estratégico esclarece estes pontos para o próprio gestor. Parece brincadeira, mas cada vez que um empresário participa de um processo de concepção estratégica, acaba tendo que decidir suas incertezas, refletindo sobre diversos temas: sucessão; participação de familiares nos negócios; clientes; e isto acaba beneficiando o escritório como um todo. Também é interessante saber diferenciar as fases em que cada dono ou gestor se encontra, para que as decisões sejam tomadas corretamente.
Concepção estratégica ou raciocínio estratégico é o exercício de lançar um olhar diferenciado sobre uma situação comum. É tentar enxergar o que os outros não veem. E o resultado deve ser formalizado através de um planejamento estratégico. Nele, mais importante do que metas academicamente perfeitas são as ações que efetivamente podem ser realizadas pelo escritório.
Quando o assunto é estratégia, os resultados que se desejam ter no futuro começam a ser construídos com atitudes concretas no presente. Lembre-se: se a competência do seu escritório é uma arma poderosa, o planejamento estratégico é a mira que racionaliza os recursos e potencializa o resultado.
Ao decidir fazer um planejamento estratégico, contrate ajuda externa, pois ela pode ser muito importante para a resolução de conflitos e análises críticas. Este é o primeiro passo para ter sucesso e realizar excelentes negócios.
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Carlos Meni é CEO da Prosoft Tecnologia.
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