Período: Dezembro/2024 | ||||||
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Durante o último ano, as empresas conceberam diversos programas de racionalização de custos como resposta à crise, que apresentaram características bem distintas: os que foram capazes de alavancar um patamar superior de desempenho através de iniciativas estruturantes, mantendo ou aumentando a qualidade das funções de negócio a um custo menor e os que apenas produziram resultado de curto prazo, sujeitos a uma gradativa degradação de desempenho ao longo do tempo. Uma pesquisa realizada pela Accenture, englobando mais de 1400 executivos, mostra como as melhores empresas têm conseguido gerenciar as forças internas para obter um fluxo saudável de liberação de caixa que se preserve no futuro.
Segundo a pesquisa, tão diferentes quanto foram os impactos da recente crise para os diversos segmentos de indústria, foram também muito peculiares as reações tomadas pelas empresas. Mesmo quando se considerando companhias do mesmo setor, os métodos utilizados para se salvarem das recentes turbulências e a efetividade dos resultados alcançados variaram bastante de empresa para empresa. Boa parte das ações de redução de custos abrangeu não somente os ganhos de curto prazo, mas também buscaram soluçõessustentáveis, prevenindo perdas futuras. Como exemplo, uma grande empresa do setor de bens de consumo, que recentemente adquiriu uma nova operação, realizou sinergia de 2% do valor de aquisição, já no primeiro ano, e deverá sustentar ganhos importantes nos próximos anos a partir de uma nova disciplina de acompanhamento dos custos. Neste caso, a técnica de orçamento base zero representou a alavanca principal para a obtenção dos benefícios.
Para o ano de 2010, os objetivos de redução continuam sendo agressivos e muito trabalho ainda é realizado para se estabelecer a efetiva cultura orientada a custos, capaz de ampliar a rentabilidade e gerar caixa. A parcela de 75% das empresas crê que as reduções obtidas em 2009 são permanentes e quase a metade dos respondentes da pesquisa (46%) afirma que os programas de redução de custos vão permanecer vivos após a crise. Ou seja, o mercado reconhece que avançou de forma consistente, mas ainda sente que precisa manter a corda esticada. Isto se justifica pelo desconforto com as projeções macro- econômicas futuras, ainda que os índices de crescimento da economia brasileira apontem para uma rápida recuperação. E, sem dúvida, pelo simples fato de ainda existir muito espaço para novos ajustes, tendo em vista novas tecnologias e maior facilidade de acesso à informação. Muitas empresas, por exemplo, apontaram não possuir estruturas informações de custos flexíveis para lidar com redirecionamentos estratégicos, bastante necessários em tempos de alta volatilidade econômica. A pesquisa também mostra que 77% das empresas julgam não terem conseguido cumprir as metas de cortes de curto prazo estabelecidas para 2009.
Os grandes movimentos de redução de pessoal ocorreram durante a crise e tiveram foco prioritário sobre as funções de suporte. Ao longo de 2010, vê-se claramente a recuperação do mercado de trabalho, movendo-se o foco de redução de custos para gastos com terceiros, com gestão e associados aos custos de produção. As empresas começam a dar mais importância a aspectos de gestão de riscos e estão mais propensas a investir em marketing e vendas, na medida em que o mercado novamente se torna demandante.
Portanto, tudo indica que a atenção a custos, que foi intensificada durante a crise, veio para ficar. Na medida em que o acesso às novas fontes de receita fica cada vez mais complexo e muitos produtos se tornam commodities a partir do amadurecimento dos mercados, faz todo o sentido seguir acompanhando de perto os componentes de despesas para que as margens se sustentem.
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