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O ano de 2008 foi um dos mais relevantes em relação à evolução das técnicas contábeis no Brasil, assim como do processo de harmonização das práticas locais às normas de contabilidade internacional, ou IFRS. O termo IFRS - International Financial Reporting Standards - tornou-se conhecido pela maioria das empresas de capital aberto, de grande porte, ou multinacionais. Agora, chegou o momento de os profissionais terem contato detalhado e próximo com essa nova literatura contábil.
A importância do IFRS para os processos de governança corporativa já se faz presente e necessária para a transparência das transações e mensuração dos fatos financeiros, inclusive para haver comparabilidade global. O desafio é conhecer as normas e aplicá-las de uma forma correta.
Estima-se que, no Brasil, haja mais de 400 mil profissionais da área contábil. Acredita-se que apenas entre 5% e 10% deles tenham algum treinamento em IFRS, sendo que grande parte dos agentes em processo de treinamento avançado encontra-se nas empresas de auditoria.
Assim, possivelmente, temos um universo de mais de 360 mil profissionais que necessitam passar por adequado treinamento em relação a um padrão contábil que se tornou referência para a contabilidade brasileira desde a promulgação da lei nº 11.638, ao final de 2007, e, como conseqüência, das normas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão criado para centralizar as regulamentações do setor. Isso sem contar os universitários que se preparam para ingressar no mercado.
Trata-se de um desafio de proporções enormes, já que o sistema contábil brasileiro está em pleno processo, aparentemente irreversível, de harmonização rumo às normas internacionais. Até o final de 2010, empresas de capital aberto, instituições financeiras e grandes corporações que faturam mais de R$ 300 milhões ao ano devem ter suas demonstrações contábeis preparadas de acordo com as novas métricas.
A perspectiva é que, gradativamente, a convergência seja ampliada e o novo sistema contábil utilizado no país seja adotado como padrão para todas as empresas brasileiras, das gigantes multinacionais até os empreendimentos de pequeno porte. Diante desse cenário, torna-se obrigatória a preparação adequada em IFRS de todos os profissionais da área contábil.
Vale lembrar que os próprios órgãos reguladores do mercado já demonstram preocupação com o tema. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já colocou em audiência pública minuta de deliberação que dispõe sobre o programa de educação continuada dos auditores independentes. O objetivo é fazer com que esses profissionais comprovem formação mínima nas normas internacionais.
Tal esforço concentrado demandará vultosos investimentos e dedicação concentrada de empresas, profissionais, instituições de ensino, estudantes, governos e demais instâncias da sociedade brasileira que dependem de demonstrações contábeis fidedignas.
A convergência ao sistema internacional é extremamente positiva para a economia brasileira, oferecendo transparência e, especialmente, padronização global para que a contabilidade das companhias seja compreendida pela maior parte dos agentes externos. Por isso, contar com profissionais que dominem as normas de contabilidade internacional é essencial
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ricardo Maciel - Ricardo Maciel é sócio-diretor das áreas de Auditoria e Internacional & IFRS da BDO Trevisan)
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