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Roni de Oliveira Franco*
Empresas pequenas e médias costumam conviver com empréstimos e financiamento de boca de caixa. Aquele pedido ao gerente de banco em visita à agência, com contratos inflexíveis, muito rígidos e de curtíssimo prazo, torna-se capital de giro para o bom andamento do negócio. Parte expressiva desse grupo de empreendedores não exporta, mas revende produtos importados. Neste momento, para essas empresas, a gestão financeira e a proximidade com o cliente pode representar o fortalecimento do negócio em meio à instabilidade.
Micro, pequenas e médias empresas estavam, no geral, apresentando taxa de mortalidade decrescente nos últimos anos, de acordo com estudos do Sebrae. Esse quadro é fruto do perfil dos empreendedores, que melhorou em diversos aspectos, desde o nível de escolaridade e formação profissional até a integração associativa. Além disso, a diversificação dos negócios, a abertura de sociedades (e não de empresas individuais) e a maior participação em licitações governamentais também contribuíram para um quadro mais positivo nessas organizações.
A legislação e o ambiente de negócios melhoraram; o planejamento para abertura da empresa passou a ser mais bem apurado. A aventura nos negócios diminuiu bastante. A gestão financeira passou a ser o centro da realização do empreendedor de pequeno porte. Agora, neste momento de transição da economia, ela (a financeira) é peça fundamental para a longevidade ativa dos negócios.
Mesmo com toda a instabilidade, campos continuam abertos para pequenas e médias empresas, principalmente nas áreas de saúde, educação, serviços pessoais, qualidade de vida, inovação e solução tecnológica, processos, meio ambiente etc. Ao contrário do que se imagina, esses segmentos ganharam ainda mais peso pós-turbulência. Eles representam o caminho que deve seguir o mundo, depois que o esbanjamento ilimitado e a ideologia de expansão irresponsável foram freados pela incapacidade de sustentabilidade – a turbulência econômica, na realidade, é fruto dessa afirmativa.
Preparar-se para a retomada do crescimento mundial e a mudança do eixo econômico (é certo que ele virá para a América Latina) são de suma importância. O crescimento do Brasil puxado pelo consumo interno (não temos tanta dependência externa assim, embora não saibamos o tamanho do estrago global causado pela crise e que dimensão ela pode nos atingir), o aumento da classe C a respectiva diminuição da D e E, associados à redução das desigualdades sociais e ampliação da expectativa de vida da população fortalecem a capacidade de superação das micro, pequenas e médias empresas nesse novo cenário.
É fundamental a essas empresas consciência de seu papel na economia e a sua capacidade de ordenar a estrutura e funcionamento da organização em período de mudança de paradigma econômico. Afinal, elas representam mais de 95% das firmas brasileiras.
*Roni de Oliveira Franco é especialista em finanças, gestão empresarial, gestão de outsourcing, sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios.
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